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Kitembo – O senhor Tempo das nossas questões e do desconhecido


Para os povos de origem bantu o Tempo não é presente, nem passado, tão pouco futuro. Nós humanos passamos, estamos no presente e podemos ter um futuro.

 O Tempo é. 

Vivo, constante e mutável deixa-se ser atravessado pela lida do Orí com Ele.

Com o Tempo aprendi a ver como tudo é passageiro. Vai-se mais rápido ainda quando nos permitimos dar passagem ao já ocorrido.

 Tempo passa, passeia, sem parar...

 Há episódios, ações e até pensamentos insistentes em se repetir em nossa trajetória. No entanto, mesmo repetindo-se, jamais serão os mesmos.

 O Tempo segue seu curso nos transformando em novos eus (fazendo entender inclusive a desestabilidade do eu). É Ele o Senhor do desconhecido. A Ele cabe a entrega do que esperamos ser a resposta para as nossas demandas e a nós viver os instantes para o Tempo se construir através das ações, reações e reflexões.

Com Tempo aprendi a me responsabilizar. A criar menos expectativas, não me apegar as poucas criadas e não colocar a culpa no outro pelas não correspondidas. Hoje penso em mim em primeiro lugar.

Se sou protagonista das minhas dores também quero ser dos meus amores. Sem egoísmo pleno, mas com ele em alguns momentos, pois faz parte também reconhecer o provável defeito como possível potencialidade.

Nasci só. Morrerei só. Somos solidões. Devemos aprender viver bem as nossas solidões para bem compartilhá-las.

Tempo me disse “O fim é tão constante quanto o começo”. O fim sempre acontecerá. Mesmo quando o amor dura por toda uma vida. Diversos fins aconteceram para que este amor se sustentasse. Entretanto, mais do que o momento de começar algo é preciso saber o momento de terminar. Ou o seu fim será iniciado.

As experiências constroem o sujeito. O Tempo me ensinou a respeitá-las. Olhar para trás sem me machucar, mas tentando aprender com cada tropeço. É o corte da topada a marca lembradora da pedra no caminho. Eis o saber a lidar com as pedras. Eis o saber a lidar com o caminho.

Quando juntamos todos esses processos percebemos o quanto podemos crescer. Formamos uma coerência de valores que reunidas e postas em práticas, nos diversos espaços a qual ocupamos, gera congruência.

A religiosidade precisa nos alimentar espiritualmente reverberando em nossas atitudes cotidianas. Se tua religião não te faz uma pessoa melhor abandone-a! Se você não se faz uma pessoa melhor, aproveitando os ensinamentos da sua religião, se repense.

Senhor Tempo segura minhas demandas. A ele entrego os atos de injustiça contra mim. A ele entrego minhas fragilidades e imperfeições. É Tempo meu melhor conselheiro. 

Tempo: faz-me morrer e ressuscitar todos os dias.

Como resultado à escuta dos ensinamentos de Tempo em mim emerge maturidade.



Zaratempô!
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